Decisão do STF permite cobrança de impostos retroativos o que pode resultar em aumento das dívidas de empresas

Uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) pode ameaçar uma série de decisões judiciais já concluídas sobre questões tributárias. Isso, pelo fato de os ministros terem aprovado a possibilidade de que decisões anteriores — mesmo finais — sejam anuladas, se forem diferentes de um novo entendimento da Corte sobre o assunto.

Na prática, significa que ações que tratem do pagamento de impostos podem ser revistas, mesmo que o contribuinte tenha vencido em todas as instâncias do judiciário. Desta forma, o principal efeito imediato é uma revisão completa de dívidas tributárias de empresas brasileiras que, no passado, ganharam na Justiça o direito de não pagar algum imposto. Logo, com a decisão revertida, a empresa pode até passar a ter uma dívida em aberto com a Receita Federal, que pode ser referente inclusive aos anos em que os impostos deixaram de ser pagos.

Juristas consultados pela imprensa dizem que a medida tira previsibilidade das finanças de empresas brasileiras, criando um precedente de reversão de decisões definitivas da própria Corte.

O que muda, na prática, para as empresas?

Empresas que tiveram ganhos tributários na Justiça podem ter as decisões revertidas e passar a dever à Receita Federal. Segundo Guilherme Staingel, advogado tributarista, o fisco poderá fazer uma cobrança retroativa dos últimos cinco anos para os casos em que não há procedimento fiscal em aberto. Para os procedimentos abertos, com autos de infração lavrados, a decisão do STF valida a cobrança mesmo para prazos anteriores a 2018. Ele observa ainda que as empresas estariam sujeitas, por exemplo, a uma nova dívida que somaria o valor principal, uma multa de mora, juros e correção monetária.

Quem se beneficia? Quem são os mais prejudicados?

Para os especialistas, a medida beneficia a Receita Federal e prejudica principalmente as empresas que terão débitos retroativos não planejados. Há uma quantidade menor de empresas que será beneficiada com dívidas canceladas.

A decisão tem poder de gerar falências?

O advogado Guilherme Staingel diz que sim. “Dependendo da empresa, isso aniquila o balanço logo no começo do exercício de 2023”, avalia. Para ele, o Supremo se ateve a aspectos jurídicos da matéria, mas há um impacto claro do ponto de vista econômico, que obriga os escritórios de advocacia a procurar alternativas de estratégia tributária para compensar os danos.

Fonte: Portal G1