Reforma tributária não quer dizer pagar menos impostos

Com a reforma tributária tramitando no Congresso Nacional, o tema nunca esteve tão em voga como agora. Apesar de prometer mudanças na vida da população brasileira, a carga tributária que recai sobre o cidadão não deve diminuir, pelo menos no curto prazo. Alguns produtos devem ficar mais baratos, como arroz e feijão, enquanto os serviços deverão ficar mais caros, como streaming e salão de beleza.

De acordo com o governo federal, a intenção da reforma, é simplificar o modelo de cobrança de impostos. Já as opiniões de especialistas sobre o modelo são bem divergentes entre si. O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, é um dos defensores da mudança. “O objetivo da reforma tributária não é prejudicar um e ajudar o outro. É ter um equilíbrio federativo. Não é também aumentar ou diminuir impostos. Diminuir não é possível neste momento, até pode ser no futuro, e aumentar a carga tributária não é o objetivo. O propósito é aumentar a eficiência econômica, a simplificação, reduzir o Custo Brasil, atrair mais investimento e estimular a exportação”, disse ele. Muitos setores comemoram o avanço da reforma, após 30 anos de discussão. Mas concordam que há pontos indefinidos que podem modificar significativamente os efeitos dela sobre a população. Vale ressaltar ainda que somente nos primeiros sete meses de 2023, os brasileiros pagaram quase R$ 2 trilhões em tributos. 

Brasileiro pagará menos impostos por comida e mais por serviços

A reforma tributária unifica tributos que já existem e implanta o Imposto Sobre Valor Agregado (IVA). Assim, os tributos federais PIS, Cofins e IPI serão substituídos por um novo imposto, a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), e os estaduais e municipais, ICMS e ISS, serão trocados pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

Mas, como a reforma prevê a isenção de impostos para itens da cesta básica e redução dos tributos sobre produtos e serviços de primeira necessidade, como remédios e consultas médicas, os brasileiros terão que pagar mais caro por quase todos os outros serviços, como entrega de comida, streaming e aplicativos de transporte, como forma de compensação.

A alíquota padrão seria de cerca de 25% com os dois novos impostos, como estima o próprio governo federal. Na medida em que mais exceções são negociadas, ela pode aumentar, e há estimativas que a elevam até 28%, o que faria do IVA brasileiro o mais alto do mundo. 

Como é hoje a tributação sobre os serviços e como vai ficar com a reforma

Atualmente, as empresas de prestação de serviços pagam 3,65% de impostos federais (3% de Cofins e 0,65% de PIS), além de um tributo específico sobre a atividade. Existem dois impostos específicos sobre a prestação de serviços: o Imposto Sobre Serviços (ISS), de natureza municipal, e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de natureza estadual. Quando um deles incide sobre a atividade que a empresa desenvolve, o outro não é cobrado. Geralmente essas empresas pagam o ISS, que varia de 2% a 5%, dependendo da atividade. Portanto, a soma de todos os impostos atuais chega a um total de 8,65%, no máximo. 

Caso a reforma tributária seja aprovada no Senado sem alterações em relação ao texto aprovado na Câmara dos Deputados, essas empresas passariam a pagar pelo menos 25% de impostos, com a alíquota somada de CBS e de IBS estimada pelo governo federal.

Fonte: Site O Tempo